O herói sem nenhum caráter
Apresentação de Luís Augusto Fischer; fixação de texto de Guto Leite; notas de Guto Leite e Luís Augusto Fischer
Escrito em uma semana de dezembro de 1926 e publicado pela primeira vez em 1928, Macunaíma é um clássico nacional, mas nem sempre foi assim. A consagração começou nos meios acadêmicos ainda nos anos 1960, e continuou com adaptações para o cinema e para o teatro, com edições em língua estrangeira e finalmente quando passou a estar presente em todos os programas de ensino do Brasil. Bebendo na água da tradição indianista encabeçada por José de Alencar e ao mesmo tempo ultrapassando-a, Mário de Andrade (1893–1945) criou uma narrativa alegórica, mescla de lendas e dizeres populares, que conta a história de Macunaíma, «o herói sem nenhum caráter», índio nascido negro mas que se torna branco ao chegar à megalópole paulistana.
Exemplar do modernismo brasileiro, Macunaíma rompeu barreiras ao se aproximar da língua brasileira cotidiana. Até hoje, não cessa de nos fascinar e a impor reflexões sobre a cultura nacional e o modo brasileiro de ser e se pensar. Esta nova edição, inteiramente comentada e anotada, traz também resumos dos capítulos e, como anexo, o capítulo «As três normalistas», que constava na primeira edição da obra.